Histórico

A UFRPE possui 41 programas de pós-graduação stricto sensu, totalizando 58 cursos de mestrado e doutorado nas mais diversas áreas da ciência, dentre os quais o programa em Recursos Pesqueiros e Aquicultura (PPG-RPAq), com o nível de mestrado criado em 2001 e o de doutorado em 2010. O número crescente de programas na UFRPE resulta de uma política interna de incentivo a este processo, o qual, evidentemente, tem como base propulsora o próprio crescimento e consolidação da instituição no cenário regional e nacional, assim como também, em decorrência do aumento da demanda por este tipo de formação nos últimos anos. Desta forma, a Pro-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PRPPG) da UFRPE tem contribuído sobremaneira para a consolidação do PPG-RPAq, seja através do aporte de recursos, como para a melhoria da infraestrutura, seja pela ampliação do número de bolsas ou ainda através do incentivo ao aumento da produção científica e à participação de docentes e discentes do programa em eventos científicos.

No que se refere à relevância e ao impacto regional da proposta de pós-graduação em Recursos Pesqueiros e Aquicultura, é importante salientar que as estatísticas do MPA (2014), indicam que em 2013 a produção pesqueira foi de 2.530.800 t, sendo que na Pesca foi de 1.561.429 t e a Aquicultura com 969.370 t. A região Nordeste possui características que a destacam no cenário do setor pesqueiro nacional (pesca e aquicultura) como a principal produtora de pescado do país, respondendo por 31,7% da produção nacional. Neste caso, tanto a pesca quanto a aquicultura possuem uma enorme importância regional, sendo as principais responsáveis por esta posição do Nordeste no ranking nacional. A pesca artesanal possui, em consequência, uma enorme importância socioeconômica na região, gerando emprego e renda para diversas famílias nas comunidades distribuídas ao longo de seu litoral e interior. Entretanto, tendo em vista que a maioria dos recursos pesqueiros costeiros já se encontra com sobre exploração ou até mesmo em colapso, faz-se urgente a implementação de programas de recuperação destes estoques baseados em uma gestão participativa que leve em consideração a sustentabilidade ambiental, social e econômica da atividade. No que se refere à pesca oceânica, está baseada nos portos de Recife e Natal a maior parte da frota atuneira que opera com espinhel pelágico, fazendo com que a região Nordeste seja a principal produtora de atuns e afins de elevado valor comercial, destacando-se nas capturas das albacoras laje, branca e bandolim e do espadarte. Quanto à aquicultura marinha, a região Nordeste é, de longe, a maior produtora de pescado, sendo a responsável por 77,4% da produção nacional. Neste caso, a criação de camarão em cativeiro tem sido o carro-chefe deste setor produtivo, contribuindo há mais de duas décadas com o seu desenvolvimento. Além disso, tanto a pesca quanto a aquicultura continental, embora menos produtivas, possuem uma enorme importância social, sendo fonte de emprego e renda para muitas famílias que vivem nas imediações de reservatórios e cursos d’água da região. No caso da piscicultura, a criação de tilápia tem sido a base de uma importante cadeia produtiva na região.

Neste contexto, a formação de recursos humanos em áreas específicas da pesca e aquicultura é imprescindível para atender a demanda de especialistas capazes de contribuir com o desenvolvimento sustentável deste setor produtivo na região e também no País, buscando soluções aos problemas hoje enfrentados. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), através de seu Departamento de Pesca e Aquicultura (DEPAq), tem se dedicado à formação e treinamento de profissionais desta área desde 1970, quando foi criado o curso de graduação em Engenharia de Pesca, pioneiro entre os cursos atualmente existentes no Brasil. Entretanto, a pressão da sociedade para que o aproveitamento dos recursos vivos marinhos e dulcícolas seja efetuado sobre bases sustentáveis tem crescido exponencialmente nas últimas décadas, exigindo cada vez mais a formação de profissionais mais capacitados a diagnosticar e resolver os diversos problemas hoje enfrentados pelo setor pesqueiro, tanto no Brasil como no exterior.

Desta forma, com o objetivo de contribuir para este processo e lastreado na experiência acumulada ao longo dos 45 anos com a graduação em Engenharia de Pesca e cursos de pós-graduação lato sensu (Aquicultura, Tecnologia de Pesca, Tecnologia do Pescado, Ecologia e Manejo de Ecossistemas Aquáticos, entre outros), o DEPAq decidiu criar um programa de pós-graduação stricto sensu. Assim, em setembro de 2000 foi criado, através da Resolução no. 336/2000, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRPE, o Programa de Pós-graduação em Recursos Pesqueiros e Aquicultura (PPG-RPAq), nível de mestrado, com o início de suas atividades acadêmicas ocorrendo em março/2001, recomendado pela CAPES, conferido a novos cursos, permitindo à UFRPE ampliar a formação de recursos humanos nesta área de atuação. Com a progressiva consolidação do programa, o doutorado do PPG-RPAq foi implementado em 2010, iniciando suas atividades com o conceito 4, também conferido ao mestrado. Desde então, o programa já capacitou 251 profissionais em ambos os níveis (M=221; D=30). O Corpo Docente está hoje representado, na sua maioria, por professores do próprio DEPAq, complementado por docentes de outros departamentos da UFRPE e outras IES. Estes professores atuam em 5 linhas de pesquisa, sendo elas: Pesca Sustentável, Aquicultura Sustentável, Ecologia Aquática, Ciência e Tecnologia do Pescado e Sanidade de Animais Aquáticos. Desde 2005, já na vigência do segundo triênio de existência, a coordenação do programa vem aplicando um plano estruturador, cujo principal objetivo é melhorar a formação de seus alunos, contemplando os desafios nacionais e internacionais da área na produção do conhecimento, e elevar o conceito do programa. As principais metas que vem sendo adotadas desde então são:

(i) avaliar anualmente o desempenho do corpo docente, promovendo as alterações necessárias para o fortalecimento do programa;

(ii) incentivar o aumento do índice de produtividade dos docentes com a participação em eventos científicos e publicação de artigos Qualis A e B (>2), principalmente com a participação dos discentes;

(iii) incentivar a realização de pós-doutoramento para membros do corpo docente; (iv) promover a abertura de concursos para novos professores do DEPAq levando em conta as lacunas do programa em áreas/linhas de pesquisa especificas;

(v) incentivar a participação dos docentes em intercâmbios com programas de pós-graduação já consolidados no Brasil e com instituições de pesquisa no exterior;

(vi) promover a vinda de pesquisadores estrangeiros para estadias de curta e longa duração;

(vii) incentivar os discentes a desenvolver parte de seus trabalhos no exterior através de programas como o Ciência sem Fronteiras e bolsas sanduiche; e

(viii) incentivar a participação de alunos estrangeiros no programa, principalmente oriundos de países da América Latina e África.

Todas estas medidas tem contribuído sobremaneira para a melhoria e fortalecimento do programa, pavimentando o caminho para que o mesmo continue oferecendo formação de elevada qualidade e possa subir de nível no âmbito dos programas de pós-graduação na área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros no País.

Conceito CAPES e Bolsas de Estudo

O Programa possui atualmente o Conceito 5 da Capes e recebe bolsas de estudos da CAPES, CNPq e FACEPE (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco), além de contar com estudantes estrangeiros que recebem bolsas de seus países de origem ou de organismos internacionais.

Objetivos do Programa

O Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros e Aquicultura (PPG-RPAq) tem como objetivo geral formar profissionais capazes de avaliar, diagnosticar, planejar, ordenar e desenvolver o setor nacional da pesca e aquicultura, nos âmbitos público e privado, assegurando os conhecimentos científicos e tecnológicos necessários ao desenvolvimento sustentável deste setor nos seus aspectos ambientais, econômicos e sociais.
Os objetivos específicos são:

i. Promover o aumento do conhecimento sobre os diferentes aspectos da biologia de espécies de importância comercial para a pesca e aquicultura, fornecendo subsídios para o uso sustentável destes recursos através de medidas de conservação e manejo;

ii. Promover o aumento dos conhecimentos sobre os diferentes aspectos da biologia de espécies de importância ecológica nos ambientes onde se praticam a pesca e aquicultura, fornecendo subsídios para sua conservação a partir de uma visão ecossistêmica;

iii. Contribuir para o desenvolvimento da pesca artesanal e industrial através da geração de conhecimentos científicos e tecnológicos que permitam a sustentabilidade ecológica, ambiental, social e econômica desta atividade;

iv. Contribuir para o desenvolvimento da aquicultura através da geração de conhecimentos científicos e tecnológicos que permitam a sustentabilidade ecológica, ambiental, social e econômica desta atividade; e 

v. Contribuir para maximizar a eficiência das cadeias produtivas associadas às atividades de pesca e aquicultura nos seus aspectos econômicos, sanitários e tecnológicos.